Rivoli - Grande Audtório
No Country For Old Men (vi)
Rivoli - Pequeno Auditório
One Missed Call Final
Susana Félix - Flutuo
Flutuo, consigo deslindar o meu gosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá e eu não contesto
O meu destino está fora de mim e eu aceito
Sou eu despida de medos e culpas, confesso
Refrão
Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar
amanhã
Flutuo, consigo deslindar o meu gosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá e eu não contesto
Amanhã, pensar nisso sempre me dá mais jeito
Fazer de mim pretérito mais que perfeito ~
Refrão
Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar
amanhã, amanhã
Hoje eu vou fugir para não me dar a vontade de ser tua
Só para não me ouvir dizer que as coisas vão mudar
amanhã, amanhã, amanhã
Flutuo
Fotos a sério deste concerto, e de outros, encontram aqui: http://www.flickr.com/photos/pmzone [grande Paulo]
Tenho um problema. Sou sucinto. Sim… sucinto. Breve. Conciso. Lacónico. Telegráfico. De poucas palavras. E isso está a dar cabo de mim. Não consigo manter uma conversa. Só algumas frases. Palavras soltas. Monossílabos. Imagino grandes discursos. Planeio frases e conversas extensas. Organizo-me mentalmente de modo a conseguir aguentar as discussões por um tempo minimamente razoável. Argumentos não me faltam. Tenho-os na cabeça. Mas despejo-os rapidamente e fico vazio. Vazio de palavras. Cheio de nada mais.
Deve ser por isso que gosto tanto de ouvir. Ver também. Mas ainda mais de ouvir. Admiro a capacidade que a maioria das pessoas tem para manter um discurso interessante. Já nem pedia tanto. Interessante ou não, gostava era de conseguir manter uma conversa. Acho que sei ouvir. Mas mesmo isso começo a duvidar. Absorvo o que as pessoas me vão dizendo. Falem comigo sobre cinema, literatura, viagens, música. Com alguma dificuldade, as minhas poucas palavras vão-se soltando. Interessa-me mais ouvir o que as outras pessoas pensam do que partilhar os meus próprios pensamentos. E quando os partilho, as palavras são escassas.
Dizem que os olhos também falam. Já nem isso acredito que os meus consigam fazer. Olhos húmidos, perdidos e afogados no humor. Humor vítreo. Uma tentativa falhada de humor que preenche de forma alternativa as graves lacunas no meu discurso. Se é que pode ser considerado discurso.