sexta-feira, março 13, 2009

Um Ano Depois


Huambo, Angola


10 de Março, em casa, à noite

Há exactamente um ano, e por volta desta hora, estava a embarcar pela primeira vez no voo para Luanda. O que pensava eu nessa altura? Como é que eu vejo a situação agora? É tempo de balanço… Amanhã, pois hoje já estou cheio de sono e ainda um pouco atordoado depois desta derrota do SCP (7-1). Pelo menos não é o meu clube.

Também não tenho nada mais para fazer, pois o acesso à Internet não está a funcionar. Deve ser coisa passageira. Volto a tentar amanhã. Passem bem e muito boa noite.

Comecei a ler “O Último Ano em Luanda”.


11 de Março, em casa, à noite

Continuo sem internet pessoal pelo segundo dia consecutivo, mas isso não me irá impedir de fazer o prometido balanço deste meu primeiro ano em Angola. Hoje, que passa exactamente um ano do dia em que aterrei nesta terra. O jogo do FCP já terminou (0-0) o que permitiu a sua passagem para os quartos de final. Este sim, é o meu clube. Infelizmente, não consegui ver a partida pela televisão. Os canais desportivos disponíveis no nosso pacote português de televisão por satélite, optaram por transmitir dois dos outros jogos. Azar, ouvi o relato na rádio, coisa que já não me recordo de fazer. Só nesta terra, realmente…

Quanto ao balanço deste primeiro ano em Angola e depois de muito pensar no que deveria ou não escrever aqui, começarei por resumir dizendo que foi francamente negativo. A quase todos os níveis. Chego ao fim deste ano com pouquíssimos motivos que me levem a ficar satisfeito com o trabalho desenvolvido e também com a vida pessoal que tenho experienciando por cá. Vim numa perspectiva de enfrentar um novo desafio, que me enriquecesse, não monetariamente, mas em termos de carreira profissional e também a nível pessoal. O que sinto que se tem vindo a passar é precisamente o oposto. Tenho aprendido, isso sim, a forma como as coisas não devem ser feitas e não consigo ver nessa situação nada de pedagógico. Sinto-me profundamente desmotivado com tudo isto, apesar de todo o apoio que me vai sendo dado pelos meus colegas e amigos. Aquando da minha mudança de residência de Luanda para o Huambo e quando tudo apontava para que a situação melhorasse, ainda se tornou mais complicada. Esta cidade é uma completa monotonia, principalmente aos fins-de-semana. Não tens quaisquer formas de entretenimento e está longe de tudo. É verdade que não tem a confusão de trânsito que tem Luanda, nem o seu stress. Mas isto também é tanto ou mais stressante. O dia-a-dia é uma tristeza mesmo. Nem as pessoas nem as condições em que vivo conseguem tornar esta estadia mais agradável. Aliás, sinto mesmo que tudo aqui ainda me puxa ainda mais para baixo. Vão valendo algumas idas a Luanda para mudar de ares e voltar a ver algumas pessoas, com quem ganhei alguma ligação durante os meses que lá passei. A nível pessoal sinto-me duplamente desenraizado. Da minha família e amigos em Portugal e também dos colegas e amigos que ficaram em Luanda. É das poucas coisas que posso considerar positivas. Ter conhecido novas pessoas, que a diferentes níveis tiveram, têm e continuarão certamente a ter um papel importante na minha vida. Em especial uma pessoa que me tem acompanhado há já alguns meses e que tem tornado este tempo menos penoso. É neste momento, em que julgo que a melhor decisão da minha parte será voltar para Portugal, que sinto que deixarei parte de mim para trás. Mas que, em compensação, regressarei com algo mais no coração, do que apenas tristes recordações. E se isso não for suficiente…

Volto ao ponto de partida da mesma forma, ou ainda pior, do que estava um ano atrás. Volto em busca de equilíbrio e de uma felicidade interrompida, suspensa por mais de um ano. Tive momentos de felicidade, não posso negar, mas sinto que uma vida feliz, embora sendo algo utópico, será mais possível de alcançar na minha terra natal.

Voltarei em breve, para tentar a felicidade contigo.


12 de Março, em casa, à noite

Pelo terceiro dia consecutivo continuo sem serviço de internet, pelo qual estou a pagar cerca de 45 euros por mês. Isto depois de ter mudado de um outro, de outra rede, mas em todo semelhante a este, que custava mais de 80 euros por mês. País de ladrões… Hoje também, julgo que devido ao mau tempo que se faz sentir, não consigo efectuar nem receber chamadas de telemóvel. Ou seja, estou ligado ao mundo apenas graças à inovadora tecnologia dos SMS que vão teimando em funcionar.

O dia foi diferente, com uma ida ao Lobito e Benguela, da qual espero vir a falar numa outra oportunidade.

Neste momento, o som entranhante do gerador não pára, assim como não pára a água que persiste em entrar no quarto. Quarto este, que simpatizou comigo e insiste em não me largar. Mas o cansaço vence tudo isto e adormeço.

Amanhã , espero finalmente conseguir colocar este post, recorrendo à internet do escritório.


13 de Março (6ª feira), no escritório, de manhã

Aqui vai finalmente o já longo post… espero que chegue em condições e ainda dentro do prazo de validade. Bom proveito.

Felicidade é o que desejo a todos e aquilo que não desistirei de perseguir.

Eu vou!

1 comentário:

tania bonnet disse...

Pintinhooooo! Por um lado prezo em saber que voltas. Às vezes temos de saber parar... e quem n tá bem, muda-se! Pode ser na terra natal ou noutro lugar qqr mas a felicidade, a que procuras, ela vai te piscar o olho, tens de tar atento ;)

Xodadinhas. viva a net q funciona lol.